sexta-feira, 21 de junho de 2013

Manifestação do Bombadas.com


 O que surgiu como um grande movimento que iria mudar o Brasil e tudo mais, está sendo banalizado. A verdade é essa. O que antes era para protestar contra o aumento na passagem do ônibus, hoje virou motivo para as cocotinhas postarem fotinho no Instagram e no Facebook, com a bundinha arrebitada e a carinha, sorrindo, colada com a carinha da amiguinha sempre fiel. Toda essa história de "hashtag - O Brasil acordou", ou "hashtag - Vem pra rua" parece que não vale mais nada (esse #VemPraRua, inclusive, pega carona em um comercial de automóvel que exalta a Copa do Mundo no país, ponto bastante criticado por muitos manifestantes).

Na quinta-feira, dia 20 de junho, fui fotografar o manifesto nas ruas de Taubaté e serviu para confirmar o que eu já desconfiava: Que muita gente se acha politizada só por estar nesses movimentos, mesmo sem ter nada para reivindicar. E é aí que o número das fotinhos com esse tema no Facebook crescem, para provar que estavam "mudando o país". Mas o que vi na praça Dom Epaminondas, em frente à Catedral da cidade, foi uma balada a céu aberto, com várias tribos. Tinha os que protestavam, os que conversavam, os que tomavam uísque barato e assim por diante. Ao invés de um grito uníssono contra algo, existia um silêncio ensurdecedor. Silêncio, aliás, que foi rompido pelo som que vinham dos meus fones de ouvido, pois a vergonha que sentia era considerável. 

Enquanto tirava fotos gerais da manifestação e de cartazes que queriam dizer alguma coisa, as cocotinhas insistiam em me pedir para tirar foto. E a pergunta vinha logo em seguida: "Vai postar onde?". Minha vontade era responder: "No bombadas.com" (falecido Bombadas.com). As palavras de "não é só vinte centavos" já virou bordão estilo Zorra Total como o "pede pra sair", do filme Tropa de Elite. Quando eu imaginava que as coisas não podiam piorar, surgiu uma kombi com alto-falante e um rapaz com voz de locutor de AM falando "Vamos para a Dutra. Vamos parar a Dutra porque em São José já pararam". Pronto, aí a balada saiu da Catedral e foi para o Petroval (para quem não conhece, é uma loja de conveniência de um posto muito frequentada por baladeiros -- ou seria a playboyzada? -- para fazer o "esquenta" pré-balada), o que fez piorar a situação, já que o abastecimento alcoólico ali seria e era maior. 


Depois de várias horas, muitos dos "engajados na causa" já tinham ido embora e não tomaram bombas de gás na cara com a chegada da PM ("Verás que um filho teu não foge à luta" ?). E a batalha, é bom que se diga, não aconteceria caso os (poucos) manifestantes aceitassem o pedido dos policiais e liberassem a rodovia. A batalha, também é bom que se diga, foi agravada por causa das garrafas de cerveja arremessadas contra os PMs (resultado da balada a céu aberto do Petroval).

Sentei do lado de um senhor que estava lá desde o começo vendo a situação. Ele deu sua opinião sincera: "Acho que tem que protestar mesmo, fechar a Dutra mesmo. Mas já deu, né? Tem que deixar o caminhoneiro trabalhar porque é ele que vai arcar com os prejuízos e não a empresa", disse o senhor Osvaldo, que assistia tudo na maior calma possível ao lado do Negão, um simpático vira-lata.

Moral da história e resumo da ópera: banalizou. Tem gente que reclama da Copa, mas adora curtir o Carnaval (que também tem dinheiro público investido). Tem gente que critica a Globo, mas no primeiro jogo da Libertadores do seu time de coração está lá, grudadinho na tela e xingando muito o Galvão no twitter. Ninguém tem um motivo real ou original para protestar. O Brasil não foi escolhido como país sede da Copa ontem. Isso aconteceu em 2007.


O taubateano teve a chance de fazer isso há dois anos, quando o prefeito Roberto Peixoto foi preso e colocou a cidade no cenário nacional de forma negativa. As manifestações, talvez, funcionassem melhor agindo em uma causa própria e não pegando uma causa de outro grupo (como os vinte centavos) e aplicar na sua realidade. E como disse meu pai: "a arma que o povo tem é o voto". E é bem por aí, já que muitos pregam o voto nulo. Eu penso que, se a pessoa vota nulo ou não quer votar, não tem o direito de reclamar. Seria bom se todo mundo usasse essa força para votar com a cabeça!

Um comentário:

  1. Acredito no vem pra rua sem essa porra de hashtag. A rua é nosso lugar desde que não haja essa superficialidade a ponto de nem saber o porque estar lá. Exatamente o que eu vi em Taubaté.

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