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Estranho, né? Se pararmos para pensar não existe uma lógica. Apenas quem vive isso sabe como é. Não tem como explicar para quem não acompanha. É difícil. E tem como explicar a sensação de vazio depois de uma derrota, sendo que você não está diretamente ligado ao fato ou atuando em campo? Não, não tem. E essa é uma das grandes graças (ou desgraças) do esporte. Eu nasci gostando de esporte, principalmente de futebol, por influência do meu pai. O esporte é paixão e nem por isso posso ser considerado um cidadão alienado.
Durante o jogo, entre várias tirações de sarro (inclusive algumas minhas) nas redes sociais era possível ver sequências de 'kkkkk' a cada gol da Alemanha - e olha que foram sete! Os autores das 'web-gargalhadas' se autoclassificam como politizados, como 'não alienados', como não pertencente do pão e circo em que vivemos nos dias de hoje e blá-blá-blá... Está na moda torcer contra a Seleção, seja por ser contra os gastos da Copa, contra a CBF, contra o Marin, contra o Marco Polo Del Nero, por causa da saúde precária, da falta de educação... Ou seja, motivos não faltam. É claro que existe muita picaretagem no futebol. É claro que, para os 'craques' selecionados para tal competição, o dinheiro fala mais alto muitas (quase todas?) as vezes. Mas, para quem está de fora e gosta de futebol não tem como separar.
É claro também que todos os motivos para não acompanhar o esporte bretão são válidos. Precisamos melhorar a saúde, a educação, reduzir a corrupção e por aí vai. Mas brasileiro adora misturar as coisas e colocar política onde, muitas vezes, não existe. De quem foi a culpa da derrota no Mineirão? Da Dilma? Sério? (Lembrando, não sou partidário de A ou B). Aos que torceram para a Alemanha, a derrota em campo não vai fazer a qualidade do ensino melhorar, infelizmente.
Jogadores da Colômbia recepcionados com festa |
Aliás, está na moda também 'brasileiros' torcerem para a Argentina. Pior: estão falando portunhol, chamando o time de Messi e companhia de "nossa seleção" (!!). Os argentinos (legítimos) estão passando por uma crise financeira e acredito que não deva existir os mesmos 'inteligentes' como aqui. Eles não torcem para o Brasil por causa disso. Ah, e os salários dos jogadores de lá são tão altos quanto os dos atletas brasileiros. E tem gente daqui que não liga em torcer por eles. A lógica? Não encontrei. Tente você, leitor!
A internet e seus 'politizados' transformaram o complexo de vira-lata em complexo de poodle. Só quem tem um cachorro dessa raça sabe como é: cheio de frescuras, ele late até encher a paciência, desafia os demais para duelos, mas não fazem nada além disso. Acho engraçado que os 'latidos virtuais' ainda não chegaram ao carnaval (olha eu falando do carnaval novamente). Talvez porque os 'inteligentes' estejam se embebedando ao som das marchinhas.
A intenção que dá ao ouvir os latidos dos poodles é que apenas o brasileiro para para ver jogos da Copa. Que os alemães, ingleses, franceses e demais europeus não se juntam na praça para ficar em frente a telões. Isso é coisa só de brasileiro alienado. É? Mesmo?
Aos 'inteligentes', deixo um recado: na próxima, saiam de casa na hora do jogo. Leiam livros.
Aos 'patriotas da Copa do Mundo' que dizem ser "brasileiros com muito orgulho e muito amor" apenas durante eventos esportivos vai o recado também: o esporte não é tudo. Amamos, gostamos, mas não é tudo. Antes de apontar o dedo para alguém, olhe para o próprio umbigo e tentem fazer algo também para o país, para não correr o risco de morrer engasgado com a coxinha de ossobuco.
E para os 'brasileños': o papel de vocês é patético.