Senna, Prost e Schumacher
Nasci em 1989, durante a época boa da Fórmula Um. Com Nelson Piquet e, principalmente, Ayrton Senna nas pistas o Brasil parava para assistir aos Grandes Prêmios, geralmente transmitidos nas manhãs de domingo (digo geralmente, pois tinha o GP do Japão que era de madrugada aqui ou no Canadá, que passava à tarde etc...).
O problema é que não consegui aproveitar muito tempo esses anos de ouro do esporte a motor, pois não vi Piquet correr e quando Senna morreu tinha apenas cinco anos de idade. Mas isso não me impediu de curtir um pouco desse clima. Lembro que, ainda pequeno, adorava saber notícias da Fórmula Um (mesmo que não entendesse nada. Aliás, fingia muito bem que entendia algo sobre o assunto).
E todo domingo de corrida (minhas primeiras lembranças de GP's são de 1993) eu viajava na imaginação e montava um circuito diferente na sala da casa da minha avó, onde morava. Tinha carrinhos de F1 pequenos, de plástico, um par para cada equipe (acho que eram 8 carros no total). Os carrinhos pintados em azul e amarelo eram da Williams, os pintados em vermelho e branco eram da McLaren (nunca gostei da Ferrari) e assim por diante.
Donington Park 1993; primeira volta fantástica de Senna e Barrichello
Em cada "Grande Prêmio" que eu criava, montava um grande esquema. Era como se fosse uma transmissão de verdade para a televisão. O tapete da sala era usado como caixa de brita (aquela areia que fica ao lado da pista). A distância entre a estante e o chão era um túnel como o de Mônaco. As tampinhas de garrafa de refrigerante, coladas umas nas outras, serviam de barreira de pneus.
Durante a "corrida", meus olhos eram as câmeras de tevê. Assim, colava o rosto no chão para simular as micro-câmeras que ficavam nas curvas, próximos das zebras. Para fazer as imagens aéreas, pegava um helicóptero que tinha (também usado nas brincadeiras com os bonequinhos do Comandos em Ação, em histórias de guerra que criava) e ficava em pé, olhando para o chão. Para criar a chuva, pegava o "Passe Bem" (aquele liquido para facilitar na hora de passar a roupa) e borrifava pra cima. Queria que tudo ficasse igual a um GP de verdade.
Ah, e não tinha essa de favorecer o Senna nas minhas corridas. Tinha dia que ele ganhava, tinha dia que não. Cada domingo, era um enredo diferente. Olhando pra trás fico um pouco assustado com meu perfeccionismo em simples brincadeiras de criança. Mesmo assim, conseguia me divertir muito com os Grandes Prêmios da Praça Monsenhor Silva Barros.